Astrologia 2: Signos
Autor: João Americano (João Felipe C. S.)
Os signos viraram o produto mais popular da astrologia. Pegaram a ideia de que os astros influenciam a vida humana e empacotaram num formato fácil de vender e de compartilhar. Afinal, ninguém quer estudar ou ler um manual as pessoas só querem algo fácil de decorar, fácil de repetir e difícil de questionar.
Aquelas frases do dia costumam vir tipo assim: “Você de signo X com ascendente em Y, hoje será um dia bom para o amor.” Parece poesia mas é um slogan, é um marketing. Atrás dessa fala toda, o que se esconde é a "indústria" do autoengano.
E muita gente compra não só o horóscopo, mas o acolhimento, a desculpinha, a sensação de que o universo está prestando atenção nela e somente NELA. A pessoa sente que é única, especial, amada pelos planetas e os planos astrais. Como se Saturno e Netuno estivessem com tempo livre pra se preocuparem com qualquer pessoa. E NÃO É HUMOR, tem gente que realmente acha isso.
E é claro que às vezes o texto do signo bate com a realidade. Mas convenhamos, com OITO BILHÕES de pessoas no mundo, qualquer descrição genérica e incrível vai servir para alguém. Isso não é misticismo, é estatística. É a mesma lógica do “você é assim, mas também é assado”. Serve pra todo mundo e no fim das contas não diz nada.
Outro uso comum da astrologia aparece na sedução. É normal ouvir mulheres (e homens) dizendo coisas como “Você é de virgem? Ah, por isso você é chato assim…” Ou “gêmeos, só podia, né?” Isso serve tanto para atrair quanto para afastar alguém. É um jeito de reduzir o outro a uma caricatura celeste e manter o controle da conversa com um ar de quem entende o cosmos e é superior por delirar dessa forma sem uso de qualquer substância química.
Mas no fundo é só medo. Medo do real. Medo de olhar pro outro sem uma muleta, sem um mapa cósmico para justificar tudo e rotular a todos. O discurso dos signos oferece uma resposta fácil pra quem não quer fazer perguntas difíceis.
O mercado da astrologia é bom nisso, vende sentido pronto, vende conforto barato e vende destino em pílulas. Só não vende conhecimento verdadeiro. Porque conhecimento dá trabalho e implica em encarar a vida como ela é sem jogar a culpa nos planetas ou terceirizar o próprio vazio pras estrelas.
"Basta crer para ver": "quem acreditar que os astros influenciam a sua vida... sua vida vai ser influenciada pelos astros" Mas não porque os astros tenham poder, mas porque a mente humana é poderosa o bastante pra criar ilusões e viver como se fossem reais.
A astrologia não transforma a realidade. Ela só mascara o vazio. É tudo psicológico. A realidade continua lá, intacta.