01 setembro, 2025

A Autenticidade madura

 A Autenticidade madura

Autor: João Americano (João Felipe C. S.)

A chamada maturidade subjetiva não surge de repente, nem aparece como fruto automático da passagem dos anos. Há quem chegue aos 40, 50 ou até 70 anos com a mesma cabeça de um adolescente que não sabe olhar para si mesmo sem ter que recorrer a um álibi externo, sem se apoiar numa ideologia ou em desculpas para justificar tudo o que fez ou faz.

A verdadeira maturidade nasce da integração das camadas mais profundas da personalidade. Quem ignora sua própria origem e história vive como um estrangeiro de si mesmo. Quem não conhece seu corpo e seus instintos permanece escravo das próprias paixões e dos desejos mundanos.

Subjetividade madura é a capacidade de encarar a realidade como ela é, e não como se gostaria que fosse. O sujeito imaturo exige que o mundo se ajuste aos seus desejos. O maduro entende que o mundo o ultrapassa em infinitas dimensões e que sua tarefa é apenas encontrar o seu lugar tal como é.

O imaturo, incapaz de sustentar o peso da própria identidade, prostitui-se socialmente. Vende sua personalidade em troca de uma aprovação social, molda-se ao gosto do grupo, teme o julgamento, a rejeição e a exclusão. Vive de máscaras e personagens, acreditando que engana os outros quando, na verdade, apenas desmoraliza a si mesmo. Esse é o sujeito que nunca trabalhou suas camadas de linguagem e caráter, que não iluminou seus sentimentos nem educou suas emoções, tornando-se refém das próprias reações.

O maduro se coloca de forma clara, mesmo que imperfeita, mas fiel ao que compreende de si e da realidade. Não se prostitui por aplausos, não se rende ao julgamento das tendências do momento. Ele assume a impopularidade como o preço da verdade, de ser alguém verdadeiro. É da sua imaginação, da sua razão e da sua consciência moral, que ele extraiu o sentido que o sustenta diante da pressão externa. Ele sabe que não precisa provar nada para ninguém e que se foda o mundo. Ele é o que é.

E aqui está o ponto: maturidade não é insensibilidade. O sujeito maduro sente dor, chora, ama e sofre. Mas não se deixa dominar pela emoção nem a transforma em justificativa universal para qualquer ação banal. Ele vive a emoção, mas entende que ela não é tudo. Sabe que acima do sentimento está a vontade, e é ela que coloca ordem no caos interno do ser humano.

Subjetividade madura é a união da consciência com a realidade. É quando a imaginação deixa de ser criadora de ilusões e se torna serva da verdade. É quando a inteligência deixa de ser instrumento para racionalizar caprichos e se transforma em via para reconhecer a própria ignorância e evoluir.

A marca do imaturo é a vitimização. A marca do maduro é a autoria. O primeiro vive como espectador de si mesmo com medo. O segundo escreve sua história a partir daquilo que é e assume o medo de ser.

É nessa diferença que se mede o adulto verdadeiro diante do adulto falso ou covarde: o primeiro consegue visualizar e integrar suas camadas da personalidade; o segundo permanece preso em uma ou duas, arrastando a vida como quem nunca enxergou a realidade, entregando sua identidade como moeda barata de troca social.

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