Astrologia 3: O fascínio pelo sentido
Autor: João Americano (João Felipe C. S.)
O interesse pelos astros não nasce da verdade, mas da necessidade de sentido. A astrologia promete organizar o caos da vida terrestre, oferecer certezas e criar padrões onde a realidade é apenas imprevisível. Não importa se o horóscopo se confirma ou não; o que importa é a sensação de que existe uma lógica por trás de cada acontecimento, mesmo que inventada ou percebida por impressões.
Quando alguém diz “meu signo indica que devo agir assim”, na verdade ele busca consolo diante da complexidade da sua existência. É uma tentativa de se entender e compreender o mundo sem enfrentar a responsabilidade pelas próprias escolhas ou pelos acontecimentos que simplesmente ocorrem.
A astrologia não transforma a realidade. Ela oferece apenas narrativas para o medo, a dúvida e a busca de importância no mundo sensível e invisível. Por trás de cada carta astral ou previsão, está a necessidade humana de coerência e significado.
O problema não é imaginar ou usar metáforas, mas confundir fantasia com conhecimento. A vida continua, complexa e imprevisível, e a única influência real sobre ela é a própria consciência, o esforço para compreender, decidir e agir.
Não podemos prever tudo, nem justificar cada acontecimento. Às vezes a vida simplesmente acontece. Um dia você acorda nutrido, feliz, com energia; horas depois, magoado, chateado e doente. A vida flui assim, segundo a segundo, sem aviso e sem qualquer padrão.
Aprendemos a viver sem precisar de sentido prévio. O sentido surge na própria vivência: para o doente, é se curar; para o atleta, é conquistar sua vitória. O que importa é o presente, o que estamos fazendo agora, e não a posição dos astros. O sentido é sempre algo maior que nós, mas que está em nosso alcance.